O lançamento do livro, que dos mil exemplares da primeira tiragem restaram apenas 150 cópias em posse da editora, é, para o autor, uma prova de que os leitores continuam ávidos por novos títulos. “Após a cerimónia oficial de lançamento, realizada a 18 de Dezembro do ano passado, no Lubango, os exemplares esgotaram rápido, num claro sinal de um despertar da leitura”.
Depois de um périplo pelas províncias de Luanda, Benguela, Bié, Huambo e Cuando Cubango, o autor disse ter ficado surpreendido pelo interesse do público jovem, durante as sessões de apresentação e assinatura de autógrafos do livro, prefaciado pelo professor Isaac Paxe. “Foi uma experiência maravilhosa, ter boa receptividade em todas as províncias por onde passei. As pessoas procuravam pelo livro, de forma extraordinária.
Infelizmente as cópias eram poucas, não conseguimos vender mais. Para atender a demanda, a editora já considerou a possibilidade de imprimir novos exemplares”, disse, apesar de criticar o preço cobrado por muitas das gráficas nacionais e ainda não ter uma data concreta. “Depois pretende apresentar o livro aos leitores do Leste do país”.
Crónicas
O livro conta histórias e cenas ficcionadas baseadas em vivências do quotidiano das famílias angolanas, narradas de forma humorada, em 60 crónicas, descritas em 189 páginas. “É uma mista de ficção e factos do quotidiano”, explicou. Mwene Vunongue deixa ao critério dos especialistas a responsabilidade de esclarecer as dúvidas sobre a caracterização e classificação literária dos textos. “Tenho muitos trabalhos escritos”, argumenta, acrescentando que procurou criar personagens, cuja narrativa, engendrada numa linguagem tipicamente influenciada pelas línguas nacionais, cativa a leitura e leva o leitor a gargalhadas, mas também a reflexão sobre as relações humanas.
Experiência única
A corrente de solidariedade que culminou com a angariação de fundos para o financiamento do livro “Os meus tios e os seus atongo-ko” é, para o autor, “experiência única”. Admirado com o nível de solidariedade das pessoas por uma causa literária, Mwene Vunongue congratula-se por ser o primeiro a beneficiar de tal apoio financeiro. “É um sentimento sem igual, nunca pensei que as pessoas se uniriam tanto para uma causa que não tem a ver com óbito ou doença… Não tenho razões de queixas e sinto-me extremamente satisfeito”, declara.
Mwene Vunongue disse que participaram desta experiência 170 pessoas. A campanha foi promovida em várias plataformas digitais, com destaque para o Facebook, onde pública alguns textos. “É preciso reconhecer o apoio prestado”. A campanha, revelou, permitiu arrecadar, em dois meses, 2.781.750 kwanzas e 192 Euros. “Chamo isso de uma verdadeira solidariedade. Para mim foi surpreendente”, argumentou, além de pedir as pessoas a continuarem com o espírito solidário.
O custo de edição e impressão do livro, disse, foi de 2.500.000 kwanzas. Mwene Vunongue é pseudónimo do professor e activista cívico, Manuel das Mangas. Nascido em 1991, o autor é licenciado em informática educativa pelo Instituto Superior de Ciências de Educação da Huíla.