Conta que, nos primeiros meses da sua formação, ganhou alguma desmotivação, mas na medida em que o tempo foi passando, a simpatia ao curso ora optado cresceu e, hoje, está na 11ª classe, com a cabeça erguida e optimista em terminar a formação.
Manifestou-se preocupada com os concursos públicos que, segundo ela, “só contemplam os sectores da Educação e da Saúde. Nunca ouvimos os concursos promovidos particularmente para o sector da Agricultura”, disse.
O sonho da nossa interlocutora é dar sequência aos estudos na província do Huambo ou no exterior do país, como em Cuba, por ter muita paixão pelo curso que optou. Carlos Ferreira é outro estudante da 11ª classe na mesma opção, ou seja, Produção Vegetal.
Diz que o curso foi uma escolha dos seus progenitores. Viveu algumas dificuldades, mas o tempo levou-o a gostar do curso que termina dentro de ano e seis meses.
Na qualidade de aluno externo, Carlos vive alguns problemas relacionados com o transporte. “Tudo na vida sem sacrifício não é nada, vamos dar o nosso máximo até terminar a formação”, realçou.
Mariela Gaspar é outra estudante finalista da 13ª classe, igualmente na opção de Produção Vegetal. “Ainda não consegui emprego, enquanto aguardo por uma oportunidade, estou aqui na escola a fazer a sacha e amontoa”, apontou.
Mariela Gaspar tem o desejo de ser engenheira agrónoma, aguardando somente por uma oportunidade para ingressar numa faculdade de especialidade, a fim de dar continuidade à formação.
Aliar a teoria à prática
O director do Instituto Médio Agrário de Malanje (IMMA), Manuel Osório, assegurou ao Jornal de Angola que o desafio de alinhar a teoria à prática está abraçado.
Numa altura em que as chuvas caem com regularidade, a aposta neste momento recai para o cultivo de milho. No campo agrícola da instituição, localizado a pouco menos de 500 metros, estão sete hectares produzidos de milho com a perspectiva de colher aproximadamente 14 toneladas.
De acordo com Manuel Osório, o milho vai servir para o consumo interno na instituição, na medida em que tem sido transformado em fuba para poder acudir o internato e o mercado de Malanje.
Segundo Manuel Osório, a palavra de ordem na instituição da qual é responsável é “produção, produção, produção”, tudo porque, disse, o espaço de 30 hectares justifica a realização de mais acções produtivas para continuar a garantir a diversificação da dieta alimentar dos estudantes e o fornecimento de produtos no mercado local, numa altura em que estão aproveitados apenas 15 hectares do espaço disponível.
O Governo francês tem interesses em ajudar aquela instituição de ensino vocacionada à formação de quadros agrários. De acordo com o interlocutor, a Covid-19 interrompeu a visita do Chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, que devia acontecer por ocasião da inauguração do Instituto Técnico Agro-Alimentar em Outubro último.
“Os protocolos de cooperação continuam e há a garantia da reabilitação dos Institutos Médios Agrários do país e tudo estamos a fazer para sermos contemplados neste projecto de reabilitação”, afirmou.
O projecto de reabilitação, prosseguiu, também envolve uma apreciação daquilo que são as condições de produção nos institutos técnicos agrários e como tal, o IMMA não foge à regra, porque “faz todo o sentido que sendo uma instituição técnica agrária haja produção em todas as épocas e é possível fazer”, justificou.
Dificuldades
A aquisição de fertilizantes consta das maiores dificuldades, segundo fez saber Manuel Osório.
” Na altura, comprávamos o saco de adubo NCK12-24-12 a 26 mil kwanzas, mas agora no mercado ronda os 46 mil kwanzas e não está fácil adquirir esses produtos”, disse o nosso interlocutor que apontou os mercados de Luanda e Huambo, os locais onde são adquiridos os referidos produtos contribuindo desta feita para a elevação dos preços.
Outro problema vivido por aquela instituição tem a ver com a falta de moto-bombas para a rega daquelas culturas que não são propícias para a época da chuva.
Visibilidade na produção
A instituição já ganhou algum protagonismo no que à produção diz respeito. O seu histórico aponta para a produção na safra passada, de tomate, cebola, repolho, couve tronchuda, couve chinesa, salsa, cenoura, beringela e pimento.
“Tivemos um total de 1 hectare e meio de tomate, dois hectares de repolho, couve, meio hectare de pimento, um hectare de cebola e meio hectare de cenoura”, informou.
A produção obtida no ano passado foi distribuída às diferentes unidades sanitárias de Malanje, nomeadamente, aos hospitais gerais de Malanje, Sanatório, Materno Infantil, da Carreira de Tiro e para o Gabinete Provincial da Acção Social que fez a distribuição dos produtos a vários lares sob seu controlo. A outra parte da produção foi consumida internamente.
A direcção da escola já pensa em alargar a acção produtiva para o cultivo da batata-doce e da mandioca.
Manuel Osório justifica a produção do milho e da mandioca por serem bens que podem assegurar a dieta alimentar por quatro ou cinco meses.
“Nós vamos produzir 10 hectares de batata-doce e doze de mandioca neste mesmo espaço. Vamos já em breve desmatar essa área”, garantiu.
A instituição, que conta com os apoios do Ministério da Agricultura e Pescas no fornecimento de imputes agrícolas, tem disponível um tractor, uma charrua e uma grade de disco que contribui para as acções produtivas.
Quanto às sementes, o responsável assegurou que a sua aquisição é feita na base do orçamento da escola, além do contributo do Gabinete Provincial da Agricultura e Pescas e do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA).
Fonte:JA