Luanda viveu o último sábado do ano sem trânsito

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O acesso aos espaços de estacionamento de viaturas faz-se sem dificuldade e cobrança dos miúdos. Os caminhos para estes locais dão mostras claras que as famílias tinham abastecido a despensa de casa há uns dias antes do Natal.
Ontem foi o último sábado do ano, em cujo retrato da fachada principal dos armazéns de bens alimentares não condizia com os sábados já vividos. São invisíveis as desordens, que, no geral, as quitandeiras protagonizam em busca de clientes. Em muitos destes lugares ficaram às moscas durante o dia todo. 

No Kalemba 2, por exemplo, Quintinha, uma mulher dos seus 30 e poucos anos, está em pé, faz 10 minutos, à espera que surja casualmente um outro cliente, para fazer sociedade na aquisição de um saco de arroz de 25 quilogramas.  O rosto da jovem eriçado  denuncia amarguras do dia-a-dia, uma razão comprovada nas suas palavras: “O saco custa 13 mil, só tenho quatro mil Kwanzas. Vou precisar de mais duas sócias para podermos comprar e repartir um saco de arroz”. 

Mal a jovem termina, três jovens passam em bólide por entre várias viaturas, no meio da estrada, atrás de um jovem másculo de calças de ganga preta e descalço. “Agarra, agarra, é gatuno…” Os pedidos de detenção esvaíram-se e todos eles entraram numa daquelas ruas íngremes e sem pavimentos, mas com bolsas de água pútrida, resultantes das últimas chuvas. 

As principais avenidas registam, desde as primeiras horas da manhã, um fluxo inusitado de viaturas e pessoas. Os carros circulam sem engarrafamentos e as paragens de táxis apresentam-se com menos passageiros. Quando assim acontece, as rotas dos “azuis e brancos” deixam de ser encurtadas, tal como confirmam os viajantes.  Entre os transeuntes vêem-se uns tantos sem a máscara facial até mesmo nas barbas de agentes da Polícia. Alguma inércia dos “homens da farda azul” para exigir destes cidadãos o cumprimento das medidas de prevenção contra a Covid-19. No interior dos táxis, o cenário é contrário, o que se pode concluir haver respeito às orientações das autoridades sanitárias.

Os amontoados de lixo tomaram várias artérias da cidade de Luanda. Quer na 21 de Janeiro, quer na Deolinda Rodrigues, Hojy- ya-Henda e Amílcar Cabral eram visíveis contentores a transbordar e deitarem mau cheiro. O cenário alterou a meio do dia, quando começou a observar-se a recolha do lixo, não obstante a cessação, há poucos dias, de contratos pela parte do Governo de Luanda, em função de somas avultadas e em moeda estrangeira que eram pagas às empresas privadas de recolha de lixo.

CRIMINALIDADE
Cinco homicídios na noite de Natal

Cinco homicídios voluntários (mais dois que em 2019), dos quais quatro em Luanda e um em Benguela, foram registados pela Polícia Nacional durante a passagem do Natal, período em que houve um total de 138 crimes de natureza diversa em todo o país.

O porta-voz do Comando-Geral da Polícia Nacional, comissário Orlando Bernardo, disse ter havido mais 33 casos em relação ao mesmo período de 2019, na qual foram esclarecidos 91 crimes que resultaram na detenção de 104 indivíduos presumíveis autores.
Dos crimes, destacaram-se nas províncias de Luanda 39 (menos 11), Benguela 13 (mais 10), Uíge 13 (mais 10) e Zaire 10 (mais sete), tendo sido nesse período apreendidas seis armas de fogo e recuperadas duas na capital do país.

Pelo menos 221 cidadãos oriundos da República Democrática do Congo (RDC) foram interpelados pelas Forças da Ordem, por tentativa de transposição ilegal da fronteira terrestre de Angola e sido depois encaminhados para os centros de detenção de estrangeiros ilegais, nas províncias da Lunda-Norte e Zaire, ao mesmo tempo que houve o repatriamento de outras 135 pessoas.
Neste período, a Polícia Nacional apreendeu dois mil e 370 litros de combustíveis, sendo dois mil 150 de gasolina e 210 de gasóleo, quando pretendiam transpor a fronteira do Luvo, Rivungo e Yema, nas províncias do Zaire, Cuando Cubango e Cabinda, respectivamente.

Quanto ao trânsito, foram aplicadas 118 multas, por infracções diversas ao Código de Estrada, e apreendidas 49 viaturas.
Entretanto, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros registou um total de dez ocorrências, mais duas em relação ao mesmo período de 2019, que causaram dois mortos, por afogamento e por acidente de viação.
Um total de sete incêndios foram registados, sendo Luanda ( 4), Cabinda ( 2) e Huíla ( 1).

Fonte:JA

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