Em declarações prestadas via whatsApp, ao Jornal de Angola, na sexta-feira, o autor brasileiro reclama apenas os direitos autorais sobre o seu conto “Serena”, que acredita ter sido supostamente plagiada por Lourenço Massungo no “Mulher Infinita”, e não a totalidade da obra em causa, esclareceu. Nos vários áudios gravados e enviados ao Jornal de Angola, o brasileiro Paulo Cantanelli realça ter tomado conhecimento dos factos na terça-feira, dia 15, em que um amigo angolano o comunicou da situação do suposto plágio.
Recordou que o seu livro foi publicado em 2019, no Recife, embora o tenha escrito já desde 2017, quando participou em vários concursos de literatura no seu país. Além disso, garante que a obra está registada, desde 2019. Descreve a situação como “muito constrangedora”, tendo chegado à conclusão de se tratar mesmo de um plágio “quase integral do meu conto”, onde Lourenço Massungo “diluiu apenas 20 por cento do seu punho” e o restante foi “cópia, tendo mudado apenas o ambiente descrito e alguns detalhes”.
Portanto, reafirma não se tratar de uma influência, ou uma alusão literária, até porque gostaria que assim fosse, mas não é o caso, por considerar que os escritores e artistas não escondem as referências literárias. “É cópia. Já entrei em contacto com os meus advogados que vão dar seguimento ao assunto em Angola”.
Quando confrontado se já teria entrado em contacto com o autor do livro “Mulher Infinita”, Paulo Cantanelli disse: “Lourenço Mussango ‘sumiu’, tendo fechado a conta no instagram, algumas horas depois de ter sido contactado pela esposa do ‘plagiador’, que conheci em conversas mantidas no facebook, onde interagimos no seu grupo ‘Entender Ficção’, por causa de um artigo por si publicado e que muitos angolanos gostaram, inclusive os membros do Movimento angolano Literário (Literagris).”
Argumenta ter provas de contactos anteriores com Cíntia Gonçalves e de a ter adicionado no grupo em 9 de Novembro de 2018, sendo que a publicação original do seu conto, pela primeira vez nas redes sociais foi a 20 de Março de 2018. “Ainda assim, tenho as provas dos e-mails que datam de publicações um ano antes.”Diz que a esposa de Lourenço Mussango alega não o conhecer, “o que não é verdade porque já trocaram várias mensagens no facebook de actividades por ele administradas no grupo”, tendo considerado como “um infeliz incidente que poderia ser resolvido de outra forma”.
“Não plagiei”
Em resposta, Lourenço Mussango, contactado também pelo Jornal de Angola, disse ter sido aconselhado a tratar o assunto em fórum próprio e evitar fazer qualquer tipo de pronunciamentos, já que o assunto é do conhecimento do Júri do Prémio Literário António Jacinto e do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INIC).Na sua versão, argumenta o seguinte: Em 2017, Cíntia Gonçalves (sua esposa) partilhou no facebook fragmentos de escritos do conto “Mulher Infinita”.
O escritor brasileiro, que não a conhecia até à data dos factos, em 2018, adicionou-a no grupo de literatura ‘Entender Ficção’. No ano passado, Paulo publicou um livro onde supostamente tem um conto no qual usa fragmentos de “Mulher Infinita”. De consciência tranquila, aguarda pela decisão do júri para o veredicto final. “Há alguns anos, a minha mulher contou-me a história da vida da sua avó Constância e achei-a interessante e optei por ficcionar a história”, conta a versão.
Referiu apenas que os contos tratam de assuntos distintos, embora tenham algumas semelhanças. “O meu conto fala do encontro geracional e de um amor que se perpetua no tempo”. A matéria está já a ser tratada em locais próprios. O júri já entrou em contacto comigo e já remetemos as provas e cabe agora ao júri se pronunciar se realmente houve plágio”.
Explicou que não conhecia o conto e o escritor, e que nunca entrou em contacto com nada do mesmo até que na passada sexta-feira teve o primeiro contacto com o referido conto ‘Serena’. “Dizem que ganhei o prémio por causa do referido escrito, o que não é verdade. Não plagiei nada”.
Fonte: JA