Ismael Diogo da Silva, ex-presidente da Fundação Eduardo dos Santos (FESA) considerado como um dos maiores embusteiros que atiraram o país para a miséria em proveito próprio, por mandato da Procuradoria Geral da República (PGR) foi detido em 2018 e depois, enquanto prosseguiam as investigações foi submetido ao Termo de Identidade e Residência (TIR). Contudo, até ao presente, nada mais se sabe do caso, nem do seu paradeiro. Segundo notícias, mesmo sob TIR, fugiu do país, assim como aconteceu também com o antigo PCA do INEA, Joaquim Sebastião.
JORNAL 24HORAS | ANGOLA
O ofuscamento de mais este caso, entre tantos de muitos outros trapaceiros, vai dando motivos para que se continue a considerar o combate à corrupção em Angola como selectivo, político e com alvos definidos.
Apesar das alegações que tentam ser passadas pelas autoridades judiciais, nomedamente a PGR, as mesmas não convencem e apenas estimulam a crença de que existem, de facto, dois pesos e duas medidas no que diz respeito a quem deve e/ou não deve ser abrangido pelas medidas anti-corrupção e recuperação de activos e fundos públicos.
De acordo com analistas do sector, a forma como alguns dos acusados se têm furtado às acusações e penas, motiva, também, para que nos próprios meios judiciais, se façam interpretações de que alguns procuradores estejam a aceitar subornos, em troca de retirada de acusações, como no caso, um tanto espantoso, de Joaquim Sebastião, ex-PCA do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) que foi autorizado a sair do país para suposto tratamento médico depois de entregar à PGR imóveis e bens (considerados uma gota de água no oceano, pela enormidade dos roubos cometidos), quando porém não entregou as contas bancárias no exterior, pelo que, levantaram-se as maiores suspeições em termos de actuação de procuradores.
Na mesma esteira, Ismael Diogo realizou diversas actividades pouco claras e lesivas ao Estado, nomeadamente o negócio escuro que envolve um terreno dos CFL vendido por uma das suas empresas à Embaixada da China, num conluio com o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, já julgado e condenado a 14 anos de prisão maior.
Ismael Diogo da Silva, para quem o conhece bem, é um indivíduo de “maus bofes” e muito senhor de si, ao estilo de perigosos líderes de quadrilhas de gangster’s.
Entre tantas acusações que pesam sobre si, encontrava-se sob TIR, Termo de Identificação e Residência, depois de ter sido detido pela Procuradoria-Geral da República por se recusar a responder a várias notificações da justiça, devido a uma acusação relacionada com o desvio criminoso de 25 milhões de dólares dos cofres do Conselho Nacional de Carregadores (CNC).
Antes da sua fuga para o estrangeiro, de acordo com notícias que circularam, o também ex-diplomata, comprometera-se em devolver ao Estado os referidos 25 milhões de dólares, antes de ter sido libertado sob TIR, mediante pagamento de uma fiança.
Porém, dias depois, o homem esfumou-se e, dos 25 milhões de dólares, nem a PGR, nem as demais autoridades, tugiram ou mugiram. Especula-se que parte daquele valor serviu para “comprar” a “passagem” que o fez sair do país, ou seja, por outras palavras, foi o preço que pagou para subornar alguns elementos da PGR e outros que engendraram a sua fuga e arquivado os seus processos.
Em relação a actividades pouco claras e lesivas ao Estado por parte de Ismael Diogo, nomeadamente o já citado negócio escuro que envolveu um terreno dos CFL vendido pela empresa de Ismael à Embaixada da China, num conluio com o ex-ministro dos Transportes, Augusto Tomás, a Procuradoria-Geral da República, segundo fontes fidedignas, terá tomado boa nota do assunto, mas até à data presente nada mais se soube sobre o referido processo.
Em seguida, depois de uma visita do Chefe de Estado, João Lourenço, a alguns hospitais da capital do país e às instalações da Central de Compras de Medicamentos e Meios Técnicos (CECOMA), em cujo edifício funcionava a Angomédica, o nome de Ismael Diogo voltou à baila.
O Presidente da República, no local, acabou por descobrir uma das maiores sujeiras do regime anterior. A Fundação Eduardo dos Santos (FESA), então liderada por Isamel Diogo da Silva, cometeu um dos mais descarados e desumanos crimes que este país já viu, ao apoderar-se da então fábrica de medicamentos (Angomédica), que acabou por ser transformada em uma “Central de Compras de Medicamentos e Meios Técnicos” (CECOMA), de onde se surripiava chorudas comisões.
Como se não bastasse, a instituição que foi liderada por Ismael Diogo, supostamente uma instituição de beneficiência social, ainda alugou o edifício da ex-Angomédica, construído pelo Estado, à CECOMA, pelo exorbitante valor de 3,5 milhões de Kwanzas/mês, num “negócio pouco claro”.
Há ainda a burla do Grupo SUNINVEST – EMSA, uma das muitas propriedades de Ismael Diogo da Silva, ao Instituto de Estradas de Angola (INEA), num valor de mais de cinquenta milhões de dólares para a execução de quatro projectos que nunca foram concluidos.
Por tudo isto e muito mais, tanto Ismael Diogo como Joaquim Sebastião, fugidos do país e em parte incerta, têm que pagar pelos seus crimes. Os elementos das autoridades que os ajudam e ajudaram devem pagar pela mesma bitola.