Dos 71 milhões de africanos com hepatite viral crónica, 300 perdem tragicamente a vida todos os dias, devido ao cancro do fígado e a outras complicações relacionadas com as hepatites B e C.
Estes dados constam na mensagem da directora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, em prol do Dia Mundial das Hepatites, que hoje se assinala.
“No dia 28 de Julho, celebramos o Dia Mundial das Hepatites, com vista a aumentar a sensibilização para esta ameaça à saúde pública”, lê-se na mensagem.
O tema deste ano, “Um futuro sem hepatites”, segundo a mensagem, realça a importância de prevenir a transmissão vertical da hepatite B e reforçar a prevenção, o rastreio e o tratamento para combater a hepatite B e curar a hepatite C.
A mensagem da directora regional da OMS para a África dá conta que a hepatite B representa 85% da carga da doença na Região Africana da OMS. O primeiro mês de vida representa o período em que se é mais vulnerável à infecção, podendo ser prevenida através da vacinação à nascença, nas primeiras 24 horas de vida. Alcançar uma cobertura de, pelo menos, 90 % na região contribuiria significativamente para a prevenção de mais de 1,5 milhões de novas infecções e 1,2 milhões de mortes por cancro do fígado até 2035.
Segundo a mensagem da directora regional da OMS para a África, a hepatite B pode passar despercebida durante anos e ter consequências devastadoras.
Matshidiso Moeti cita, como exemplo, o caso de Ansah, uma mulher ganesa de 25 anos, que foi diagnosticada com hepatite B e cancro do fígado durante os cuidados pré-natais. O seu bebé foi vacinado contra a hepatite B nas 24 horas que seguiram o seu nascimento, mas o futuro de Ansah permanece incerto. A família da jovem mãe confessou que não fazia ideia de que a infecção podia actuar de forma tão silenciosa e ter consequências graves.
A mensagem da directora regional da OMS para a África dá conta ainda que, apesar do baixo custo da vacinação à nascença contra a hepatite B, apenas 13 países africanos (Angola, Argélia, Botswana, Cabo Verde, Côte d´Ivoire, Gâmbia, Guiné Equatorial, Ilhas Maurícias, Mauritânia, Namíbia, Nigéria, São Tomé e Príncipe e Senegal) a introduziram no seu programa nacional de vacinação, ficando-se muito aquém da meta de 25 países até 2020. “Até à data, 15 países lançaram planos nacionais de luta contra a hepatite e o Rwanda e o Uganda têm programas nacionais de rastreio e tratamento da doença”, acrescenta Matshidiso Moeti.
A OMS, refere a mensagem, está a trabalhar com os países e os parceiros para acelerar as acções com vista a uma redução de 90% nas novas infecções por hepatite B e C e de 65% nos óbitos causados pelas mesmas até 2030. A consecução destes objectivos requer a introdução e expansão urgente da vacinação à nascença contra a hepatite B e a exploração adequada das infra-estruturas criadas para a luta contra o VIH e a sífilis, para prevenir a transmissão vertical e garantir que as mães tenham acesso a rastreio e tratamento.
Matshidiso Moeti saúda a Organização das Primeiras-Damas Africanas, por defender a tripla eliminação da transmissão vertical do VIH, da sífilis e da hepatite B, acrescentando que a luta travada actualmente contra a Covid-19 poderá contribuir fortemente para mais atrasos na expansão da vacinação à nascença contra a hepatite B e de outros serviços essenciais no combate à doença.
Segundo a directora regional da OMS para a África, as pessoas que sofrem de complicações relacionadas com a hepatite, têm um maior risco de desenvolver uma forma grave da Covid-19 e devem, portanto, continuar a receber serviços essenciais de prevenção e tratamento durante e após a pandemia.
“Com um compromisso político assumido pelos governos e pelos parceiros – apoiado por dotações orçamentais e integrado através de uma abordagem focada no reforço do sistema de saúde – e comunidades informadas e capacitadas, conseguiremos alcançar um futuro sem hepatites”, concluiu Matshidiso Moeti.