Angola em crise sanitária, por cólera e paludismo, que já provocou cerca de 12 mil mortos, desde janeiro de 2024, dos quais 11 477 por malária e 563 por cólera, o país tem cerca de 7 mil médicos para mais de 32 milhões de habitantes.
Um grupo de 117 médicos angolanos chegou esta quarta-feira 29, em Lisboa para iniciarem a partir de 05 de maio um estágio em Portugal, no âmbito do protocolo de cooperação assinado em fevereiro entre os ministérios da Saúde dos dois países, segundo nota da entidade portuguesa.
Fontes deste jornal, garantem ser uma boa oportunidade para alguns médicos imigrar e nunca mais voltarem ao país, para escaparem salários de misérias.
“um medico em Angola ganha 370 mil Kwanzas, mesmo com subsitidios não conseguimos chegar os 600 mil Kwanzas, com o custo de vida cada vez mais elevado, enquanto que em Portugal mesmo para ser um simples padeiro, varredor de ruas ou segurança o salario mínimo ultrapassa 850 Euros, equivalente a 900 mil Kwanzas, para pessoa que não é tecnico superior ou sem formação qualificada, mas em Angola, é o que nos pagam abaixo disso” desabafou ao Jornal Visão Press, um dos médicos que integra a comissão dos formandos.
Os 117 médicos angolanos, que se encontram na fase final da especialidade de Medicina Geral e Familiar, vão realizar “um estágio observacional com a duração de três meses em várias Unidades de Saúde Familiar (USF) a nível nacional”, segundo um comunicado enviado à agência Lusa pelo Ministério da Saúde português.
“O estágio terá como foco áreas fundamentais como a organização e gestão dos Cuidados de Saúde Primários, logística e aprovisionamento, serviço farmacêutico, monitorização e avaliação de indicadores de saúde e integração de cuidados”, detalha-se na nota.
Os médicos serão acolhidos por 16 instituições distribuídas por Portugal continental “onde terão oportunidade de acompanhar e observar o funcionamento dos serviços, em articulação com as equipas locais”.
Este grupo de 117 médicos integra um contingente mais vasto de 630 profissionais de saúde angolanos, incluindo médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica, que realizarão estágios em unidades de saúde portuguesas nos próximos meses, no âmbito do Protocolo de Cooperação assinado em 25 de fevereiro entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Angola, dedicado à formação de recursos humanos em saúde.
“O estágio representa uma oportunidade importante de troca de experiências e de partilha de boas práticas, num momento em que Angola procura reforçar a cobertura universal de saúde, apostando na formação contínua dos seus profissionais e numa abordagem centrada nos cuidados de saúde primários” salienta-se na nota.
“Esta iniciativa é também um sinal claro da cooperação entre Portugal e os sistemas de saúde de países em contexto de maior fragilidade, reforçando os laços históricos, técnicos e institucionais entre os dois países”, conclui.