NOVOS SANTOS DECLARADOS POR FRANCISCO MARCARAM GUINADA POLÍTICA NA IGREJA

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Durante os doze anos de seu pontificado, o papa Francisco declarou mais santos novos do que qualquer de seus antecessores.

Entre 2013 e 2025, o líder da Igreja canonizou 942 pessoas – número recorde na história do catolicismo e quase o dobro dos 483 santos proclamados por João Paulo 2º (1978-2005), seu antecessor mais prolífico nesse campo.

O número de canonizações do argentino, contudo, é inflado por uma canonização de mais de 800 vítimas do massacre pelos otomanos ao então Reino de Nápoles, na Idade Média… – Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/graciliano-rocha/2025/04/22/novos-santos-declarados-por-francisco-marcaram-guinada-politica-na-igreja.htm?cmpid=copiaecola

Distintos na visão de mundo, os dois líderes mais carismáticos da histórica recente do catolicismo – João Paulo 2º e Francisco – usaram politicamente a prerrogativa de declarar santos em prol da sua agenda à frente da mais antiga multinacional em atividade no planeta.

Mais do que gestos de devoção, as canonizações promovidas por cada papa refletem a visão pastoral e política sobre o papel da Igreja no mundo. Este texto detalha como funciona e quanto custa um processo de canonização.

No curso do pontificado de Francisco, o Brasil ganhou dois novos santos: José de Anchieta (1534-1597), um jesuíta cujo processo de santificação demorou mais de 400 anos para ser concluído, e a baiana… – Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/graciliano-rocha/2025/04/22/novos-santos-declarados-por-francisco-marcaram-guinada-politica-na-igreja.htm?cmpid=copiaecola

A causa de Romero ficou paralisada durante décadas pelos papas João Paulo 2º e Bento 16, sob o argumento de que seu engajamento em defesa dos pobres poderia associá-lo à esquerda revolucionária.

Para João Paulo 2º, cuja experiência como prelado nascido em um país da Cortina de Ferro repercutiu profundamente em como o polonês moldou a política externa do Vaticano à sua convicção anticomunista, deixar o processo de Romero andar equivaleria a elevar a Teologia da Libertação aos altares da Igreja.

Pesos e medidas de cada papa

Durante seu pontificado, João Paulo 2º foi o primeiro a transformar a canonização em uma ferramenta de afirmação política e diplomática da Igreja Católica. Em 1983, ele reformou o processo de santificação com a constituição apostólica Divinus Perfectionis Magister, simplificando etapas e reduzindo a exigência de milagres — o que acelerou significativamente o número de proclamações.

Essa mudança abriu caminho para que a Congregação das Causas dos Santos funcionasse em ritmo quase industrial: em 26 anos, João Paulo 2º canonizou 483 pessoas e beatificou outras 1.338, mais do que todos os outros papas do século 20 juntos.

As cerimônias, muitas vezes realizadas em viagens internacionais ou transmitidas em massa pela TV, ampliavam o alcance da Igreja e reforçavam sua presença nos cinco continentes, num momento em que o papa polonês liderava a luta ideológica contra o comunismo e buscava reaproximar fiéis em regiões afetadas pelo secularismo ou por regimes hostis à fé cristã.

 

A causa de Romero ficou paralisada durante décadas pelos papas João Paulo 2º e Bento 16, sob o argumento de que seu engajamento em defesa dos pobres poderia associá-lo à esquerda revolucionária.

Para João Paulo 2º, cuja experiência como prelado nascido em um país da Cortina de Ferro repercutiu profundamente em como o polonês moldou a política externa do Vaticano à sua convicção anticomunista, deixar o processo de Romero andar equivaleria a elevar a Teologia da Libertação aos altares da Igreja.

Pesos e medidas de cada papa

Durante seu pontificado, João Paulo 2º foi o primeiro a transformar a canonização em uma ferramenta de afirmação política e diplomática da Igreja Católica. Em 1983, ele reformou o processo de santificação com a constituição apostólica Divinus Perfectionis Magister, simplificando etapas e reduzindo a exigência de milagres — o que acelerou significativamente o número de proclamações.

Essa mudança abriu caminho para que a Congregação das Causas dos Santos funcionasse em ritmo quase industrial: em 26 anos, João Paulo 2º canonizou 483 pessoas e beatificou outras 1.338, mais do que todos os outros papas do século 20 juntos.

As cerimônias, muitas vezes realizadas em viagens internacionais ou transmitidas em massa pela TV, ampliavam o alcance da Igreja e reforçavam sua presença nos cinco continentes, num momento em que o papa polonês liderava a luta ideológica contra o comunismo e buscava reaproximar fiéis em regiões afetadas pelo secularismo ou por regimes hostis à fé cristã.

A escolha dos novos santos não se dava ao acaso: refletia prioridades pastorais e geopolíticas do pontífice.

 

Canonizações em países do Leste Europeu sob regimes comunistas, por exemplo, ajudavam a sustentar a resistência católica frente às ditaduras marxistas, como no caso do padre Jerzy Popie? uszko, na Polônia, torturado e morto em 1984, aos 37 anos.

 

Como no caso de Romero, o assassinato de Jerzy Popie?uszko era incontroversamente político, mas o polonês foi declarado mártir “in odium fidei” (do latim, “por ódio à fé”) por João Paulo 2º, reconhecimento negado ao salvadorenho.

 

Além disso, ao elevar aos altares figuras alinhadas com valores conservadores, como Madre Teresa de Cal… – Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/graciliano-rocha/2025/04/22/novos-santos-declarados-por-francisco-marcaram-guinada-politica-na-igreja.htm?cmpid=copiaecola

A própria canonização de João Paulo 2º — festejada com entusiasmo pela ala conservadora da Igreja — foi moldada por Francisco com uma sinalização política: o papa argentino decidiu canonizar, na mesma cerimônia, João 23, o pontífice que convocou o Concílio Vaticano 2º e é lembrado por abrir as portas da Igreja ao mundo moderno.

 

João 23 foi canonizado sem a comprovação formal de um segundo milagre, como exige a norma canônica, numa espécie de compensação histórica à santificação do papa polonês.

 

Os brasileiros

As escolhas de Francisco escancararam o uso das canonizações como plataforma de afirmação de valores e rumos eclesiais.

 

A beatificação de Irmã Dulce, em 2011 por Bento 16,… – Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/graciliano-rocha/2025/04/22/novos-santos-declarados-por-francisco-marcaram-guinada-politica-na-igreja.htm?cmpid=copiaecola

 

O jesuíta, figura central da colonização portuguesa no Brasil e da evangelização dos povos indígenas, teve sua causa paralisada por mais de quatro séculos. Sua canonização representou tanto um tributo à missão da Igreja na América Latina quanto uma reparação simbólica à Companhia de Jesus, alvo de perseguições sob pontificados anteriores.

 

Ao ampliar o escopo das canonizações, Francisco também mostrou sensibilidade ao clamor popular e à diversidade global do catolicismo.

 

Seus santos são africanos, asiáticos, latino-americanos, leigos, mulheres, indígenas. Trata-se de um esforço deliberado de universalizar os altares — e, por consequência, as referências espirituais e morais da fé… – Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/graciliano-rocha/2025/04/22/novos-santos-declarados-por-francisco-marcaram-guinada-politica-na-igreja.htm?cmpid=copiaecola

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