O antigo Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, anunciou que não participará nos actos de homenagem dos 50 anos da independência de Angola, justificando a sua decisão com a exclusão de figuras históricas como Jonas Malheiro Savimbi e Álvaro Holden Roberto. Para Samakuva, a ausência destes nomes retira valor às celebrações.
A mesma posição foi adoptada pelos nacionalistas José Samuel Chiwale, Ernesto Mulato e Meraldina Jamba, que também constavam na lista de homenageados pelo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.
Lucas Bengui Ngonda, antigo líder da FNLA, também rejeitou a homenagem em solidariedade à memória de Holden Roberto, igualmente excluído das celebrações. Ngonda defendeu que a verdadeira integração social exige reconciliação genuína, ultrapassando as diferenças históricas que dividiram os angolanos. Para ele, a reconciliação deve ir além do cessar das armas, promovendo um reencontro entre irmãos, algo que, segundo afirmou, não está a acontecer actualmente.
Em declarações em áudio obtidas pelo Club-K, Lucas Ngonda afirmou que “duas grandes figuras vão desaparecer do mapa” e que “quem libertou Angola não foi Agostinho Neto”. O político expressou perplexidade com a decisão de João Lourenço, considerando a exclusão de Holden Roberto e Savimbi um “crime político”. Ngonda sublinhou que não compreende como o Presidente omite figuras que assinaram os Acordos de Alvor, o documento que formalizou a independência de Angola. Para ele, as celebrações parecem ser uma comemoração exclusiva das vitórias do MPLA, razão pela qual, segundo as suas palavras, “os nossos lugares não estão lá”.
Desde o início do ano, a UNITA tem criticado os critérios para a atribuição da Medalha Comemorativa dos 50 Anos da Independência, acusando o governo de priorizar chefes de Estado e governantes em detrimento dos líderes nacionalistas que desempenharam papéis fundamentais na luta de libertação, como Savimbi e Roberto. O partido defendeu que as celebrações deveriam reconhecer equitativamente todos os protagonistas da independência.
O MPLA, por outro lado, desafiou a UNITA a apresentar os seus feitos ao longo dos 50 anos de independência, numa troca de declarações que evidenciou as tensões políticas entre os dois partidos. A UNITA respondeu que a independência não deve ser confundida com os objectivos políticos do partido no poder.