O antigo Chefe do Estado da República Centro-Africana (RCA), François Bozizé, afastado do poder em 2013, anunciou, à 26 deste mês, a candidatura às eleições presidenciais de Dezembro durante um congresso do seu partido, em Bangui.
“O congresso acaba de me nomear candidato pelo Kwa Na Kwa às próximas eleições presidenciais previstas para Dezembro. Aceito solenemente a missão que me confiam”, declarou Bozizé num discurso que também foi transmitido em directo no Facebook e citado pela AFP.
Bozizé referiu a actual si-tuação do país e criticou “a ausência de democracia”, “ascensão do tribalismo”, “seriedade da situação de segurança” e “total ausência de autoridade do Estado”.
Bozizé apresentou-se como candidato à “reconciliação e unidade nacional”, pedindo o apoio de outros partidos à sua candidatura.
Após seis anos de exílio no exterior, François Bozizé regressou em meados de De-zembro a Bangui. Chegou ao poder em 2003 após um golpe de Estado e foi Presidente durante 10 anos, até ser derrubado por Michel Djotodia, chefe da Séléka, grupo maioritariamente muçulmano, num país predominantemente cristão.
O golpe mergulhou o país numa guerra civil, marcada por violentos confrontos, que surgiram para apoiar o Presidente deposto. A RCA, um dos países mais pobres do mundo, é governado desde 2016 por Félix Archange Touadera, provável candidato à reeleição.
Essa eleição, prevista para Dezembro, é considerada de alto risco, uma vez que dois terços do país ainda são controlados por grupos armados, apesar de um acordo de paz assinado em Fevereiro de 2019, em Cartum, entre o Governo e as milícias.
Emboscada jihadista
Dois soldados do Exército foram mortos, sábado, numa emboscada por membros de um grupo armado na região ocidental do país, segundo o chefe da missão das Nações Unidas no país, a Minusca, citado pela AFP.
“Condeno veementemente o ataque criminoso do grupo armado 3R (Regresso, Reclamação, Reconciliação) que deixou duas pessoas mortas”, escreveu Mankeur Ndiaye, chefe da Minusca, na plataforma social Twitter, acrescentando que o ataque teve como alvo uma patrulha mista composta por soldados das Forças Armadas da RCA e da missão das Nações Unidas.
Segundo o porta-voz da Minusca, Vladimir Monteiro, outras cinco pessoas ficaram feridas e “as vítimas são soldados centro-africanos”.
“Era uma escolta que ia de Bouar para Besson, foi atacada às portas de Besson pelos 3R. A escolta estava a caminho de Besson para restaurar a autoridade do Estado”, acrescentou o porta-voz.
A Minusca lançou no fim-de-semana uma operação militar de larga escala na RCA com o objectivo de comba-ter a expansão do 3R, um dos principais grupos armados no país, composto principalmente por membros da comunidade fula e activo na região Oeste do país.
No início do mês, o líder do 3R, Sidiki Abass, anunciou a suspensão da sua participação no acordo de paz assinado em Fevereiro de 2019 entre o Governo da RCA e outros 13 movimentos rebeldes.
“O objectivo da operação conjunta é pressionar os membros do 3R e Sidiki Abass a voltarem para o acordo de paz, cessando a sua política expansionista para o Norte e Sudeste desta região”, afirmou o general Franck Chatelus, chefe do Estado-Maior da Força da Minusca.