A ONU está preparada para reentrar em territórios ocupados pela Rússia 72 horas após a reconquista das localidades pelas tropas ucranianas. A revelação é feita à RFI pelo Porta-Voz das Nações Unidas em Kiev. Saviano Abreu explica que os funcionários da ONU ainda trabalham nesses territórios mas com muitas dificuldades.
Em entrevista ao jornalista José Pedro Frazão, o porta-voz da ONU explica ainda o trabalho desenvolvido pela organização no domínio humanitário, da recuperação da economia e também sobre o desaparecimento de crianças ucranianas.
“Com o fim do inverno, nós vamos precisar focar mais o trabalho que já estávamos a fazer no período anterior, mas temos agora mais capacidade de focar o trabalho para ajudar aquelas pessoas que estão perto da frente de batalha. Durante o inverno, também foi uma das grandes preocupações que nós tínhamos, milhões de pessoas nessas áreas que não tinham acesso aos serviços básicos, à água, à electricidade, ao aquecimento num período muito duro”, refere o porta-voz da ONU em Kiev.
“No ano passado, em 2022, nós chegamos a mais de 6 milhões de pessoas na Ucrânia com ajuda em dinheiro que é uma parte da estratégia para recuperar a economia. Mas em algumas regiões, algumas partes do país, isto não é possível porque os mercados estão destruídos, não têm serviços básicos, então é impossível chegarmos a este tipo de população só com dinheiro, porque o dinheiro, eles não vão poder usar naquele momento”, explica ainda Saviano Abreu.
Ao fazer um balanço geral das acções levadas a cabo pelas Nações Unidas no terreno, este responsável refere que “no ano passado, chegaram a mais de 12 milhões de pessoas na Ucrânia com ajuda alimentar”, sendo que “deram apoio médico a quase 10 milhões de pessoas e chegaram a quase 16 milhões de pessoas no total com ajuda humanitária no ano passado”.
Aludindo à situação das cidades no leste da Ucrânia cujo controlo foi retomado muito recentemente pelas forças de Kiev, o porta-voz da ONU no país refere que “começaram a ir pouco depois da retomada destas cidades para levar ajuda humanitária porque a situação ali era muito grave e é-o ainda em muitas partes”. O compromisso dos trabalhadores humanitários da ONU na Ucrânia, “é conseguir entrar nessas áreas 72 horas depois de as tropas ucranianas retomarem o poder. Não é uma operação tão fácil. A maioria dessas áreas está minada. Estão ainda mais minadas com a retirada das tropas russas. Precisamos ajudar a população que está ali, mas também precisamos de zelar pela nossa segurança e a segurança dos trabalhadores humanitários. Então, geralmente as tropas ucranianas entram, fazem esse processo de retirada das minas de pelo menos uma das rotas para que as colunas humanitárias possam passar e nossa chegada é geralmente numa média de 72 horas depois da retirada”, declara ainda Saviano Abreu.
FONTE: RFI