Catarata é dos principais problemas de visão no país

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A catarata é dos principais problemas de visão que afectam a população angolana, disse, ao Jornal de Angola, o médico oftalmologista Valter Brás, para quem as doenças relacionadas aos olhos são de carácter global e de-viam ser encaradas com maior seriedade.

Nos seis primeiros meses deste ano, revelou, um total de 30.500 doentes foram assistidos no Instituto Oftalmológico Nacional de Angola, em Luanda. O médico e director científico da instituição adiantou que, entre os casos atendidos, as cataratas lideram a cifra com um total de 9.300 pacientes.

Depois, destaca, vêm as conjuntivites como o segundo maior número, com 4.640 casos, seguido dos erros reflectivos, 4.500, e os glaucoma, com 2.500 doentes. Devido a estes números, contou, já foram realizadas mais de mil cirurgias, no primeiro semestre deste ano.

A retinopatia diabética também é outra preocupação, que tem aumentado gradualmente, devido aos crescentes casos de diabetes.

“É das complicações da diabetes e uma das principais causas da cegueira nos adultos, devido às alterações estruturais nos vasos sanguíneos da retina”, reforçou.

Higiene

Para o médico, é fundamental a higienização regular das mãos, para as pessoas poderem evitar as conjuntivites, e desaconselha a auto-medicação, através de seivas de plantas, raízes ou misturas caseiras, para limpar os olhos.

Outro aspecto fundamental são os cuidados com as crianças e o uso frequente de aparelhos electrónicos por estas. “Temos que ser ponderados no uso destes meios. As crianças usam os tablets constantemente e ficam viciadas neles ao ponto de os terem muito perto dos olhos, o que pode afectar a visão e contribuir para casos de miopia”, alertou.

Com base nos dados da Organização Mundial da Saúde, até 2050, mais da metade da população mundial será míope, pelo que alerta para os cuidados com vista a reverter essa situação.

A instituição

O  Instituto Oftalmológico Nacional de Angola é uma unidade hospitalar de nível três, que atende pacientes vindos de várias partes do país e acode situações de unidades primárias. Os serviços da instituição incluem consultas externas e banco de urgência.

A instituição, disse o director, está equipada com materiais e especialistas necessários para atender de forma eficiente a todos os problemas da visão.

“Neste momento só nos falta fazer os transplantes, algo que carece de uma legislação e outras questões inerentes”, disse o médico. Acrescentou que a instituição tem formado profissionais para as várias províncias.


Glaucoma, doença degenerativa

O glaucoma é o terror das doenças da visão, por ser uma doença degenerativa, hereditária e irreversível, caracterizada pela alteração do nervo óptico, ao ponto de causar danos irreversíveis nas fibras nervosas e a consequente perda do campo da visão.

“O glaucoma é uma doença traiçoeira, que se manifesta de forma assintomática. Totalmente silenciosa, pode ser contraída sem causa aparente ou questões externas, como hábitos sociais ou laborais”, descreveu Válter Brás.

A doença, continuou, acomete sobretudo indivíduos a partir dos 40 anos. “Mas isso é um dado variável, pois há casos de crianças, e até bebés, que nascem com glaucomas congénitos, que é a maior das tragédias”, disse.

Acrescentou que um indivíduo de 40 ou 50 anos com o glaucoma, caso tenha um acompanhamento, pode ver até aos últimos dias de vida, “mas num jovem de 14 ou 15 anos, um glaucoma avançado pode levar à cegueira prematura aos 25 ou 30”.

O tratamento, esclareceu, não cura a doença, apenas a controla e reduz o avanço. No Instituto, referiu, existe um programa de triagem onde os familiares de doentes com glaucomas passam por um processo de rastreio para possível controlo da doença.

“Geralmente, a prevenção do glaucoma é o uso de gotas oculares, de forma regular, e a cirurgia em casos específicos, especialmente quando o indivíduo é intolerante às gotas ou não tem recursos financeiros para o uso regular das gotas”, adiantou. Um frasco custa 20 mil kwanzas e tem de ser usado a cada três semanas.

O Instituto Oftalmológico Nacional de Angola, disse, criou um programa onde os pacientes têm acesso ao medicamento de forma gratuita, para retardar o surgimento da cegueira.

Fonte: JA

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