A subida dos preços do petróleo ao seu nível mais alto em quase uma década não dá sinais de abrandar devido a que os fornecimentos da Rússia foram interrompidos pelas sanções que se seguiram à invasão à Ucrânia, declara uma pesquisa publicada, ontem, pela Reuters.
O estudo, que envolveu 35 economistas e analistas, prevê que o petróleo Brent, de referência para as vendas do petróleo angolano, ficaria numa média de 91,15 dólares por barril este ano, um salto em relação ao consenso de 79,16 dólares de Janeiro e a estimativa mais alta para 2022 em todas as pesquisas da Reuters.
O curso do petróleo dos Estados Unidos ficou, antes da invasão, estimado numa média de 87,68 dólares em 2022, contra o consenso de 76,23 de Janeiro.
Entre as previsões mais elevadas, o JP Morgan espera que o preço do petróleo atinja 185 dólares até ao final de 2022, se a interrupção nas exportações russas durar tanto tempo, embora a média para o ano tenha sido de 98 dólares.
As previsões médias mais altas para 2022 foram do Rabobank e Raiffeisen, com 111,43 e 110 dólares, respectivamente.
“O prémio de risco está a aumentar”, disse Christian Reuter, director sénior de Estratégia Sectorial da NORD Landbk, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados também incapazes de compensar adequadamente o défice.
O preço do petróleo Brent de referência ultrapassou os 100 dólares na semana passada pela primeira vez desde 2014 e atingiu is 119,84 dólares na quinta-feira.
O barril era negociado acima dos 112 dólares, ontem, apoiado pelas sanções à Rússia, que normalmente exporta mais de sete milhões de barris por dia (bpd).
Embora o comércio de petróleo e gás não seja um alvo directo, os clientes hesitaram em comprar petróleo russo para evitar envolver-se em sanções.
“Os preços podem subir para 150 dólares o barril e ainda mais se os Estados Unidos e aliados tomarem medidas mais agressivas para reduzir as exportações de petróleo da Rússia, já que não há capacidade ociosa suficiente para compensar uma redução significativa nas exportações russas”, disse John Paisie, presidente do Advisor Stratas.
Estima-se que 8,0 por cento do fornecimento global foi interrompido nos últimos dias. O défice pode não ser compensado pela decisão da Agência Internacional de Energia de libertar 60 milhões de barris de reservas de emergência ou um provável retorno do suprimento iraniano, disseram analistas.
A libertação da AIE representou uma “compensação de um mês para uma possível interrupção de um terço dos seis milhões de barris por dia dos fluxos de exportação de petróleo da Rússia”, disse o Goldman Sachs.