Toda a gente sabe qual era (e continua a ser) a substância da divergência em relação à legislação eleitoral, sendo as questões das ofertas e das inaugurações periféricas no conjunto das grandes preocupações apresentadas pela Oposição na tentativa de se conseguir algum consenso com o partido do Governo.
Reginaldo Silva
Se no acto do veto, JLo tivesse logo dito o que é que gostaria de ver reapreciado na lei eleitoral em concreto, todos os encómios que então mereceu, incluindo os nossos, não teriam sido feitos da forma como o foram. Efectivamente houve, como há muito já não se (ou)via, um quase unanime elogio à decisão de JLo não promulgar a LOEG, em resposta a um apelo que lhe havia sido feito no dia anterior pela Oposição.
Aqui está um exemplo claro de “show off” em política, idêntico aquele que JLo fez quando se comprometeu com a realização das eleições autárquicas em 2020.
Para usarmos a linguagem do próprio PR, estamos diante de mais uma jogada, onde se retiraram alguns dividendos políticos de curta duração e pouco mais, pois tudo voltou à primeira forma com o maioritário a impôr como sempre a sua vontade estratégica por força da esmagadora aritmética que possui no parlamento.
Importa aqui recordar que quando anunciou o veto, o que transpirou para a opinião pública e publicada era que JLo queria ver reapreciada a legislação eleitoral no interesse do reforço “nalguns domínios, os instrumentos que garantam uma maior igualdade entre os concorrentes, sã concorrência, lisura e verdade eleitoral, no quadro da permanente concretização do Estado Democrático de Direito.”
Postas assim as coisas, estava-se de algum modo longe de imaginar que a “montanha” iria parir tão pouco na hora da reapreciação que acabou por ser feita e que deixou praticamente intacta a lei que vai definir o futuro político do país.
Passado o “show off”, diríamos que o “reality show” da política nacional prossegue dentro de momentos…