Com um consumo de 693.896 toneladas por ano, Angola tem uma défice anual de 349.134 toneladas de feijão por ano, segundo dados avançados ontem, em Luanda, pelo chefe do Departamento de Extensão Rural e Assistência Técnica do Ministério da Agricultura e Pescas.
Avelino Mussende, que falava durante um seminário online realizado sob o lema “A Cadeia de Valor do Feijão, Cultivo e Comercialização”, promovido pelo Ministério da Economia e Planeamento, indicou que a produção total de feijão no período 2019/2020 situou-se em apenas 344 762 toneladas, uma percentagem pouco significativa na produção mundial, de 26,84 milhões de toneladas por ano.
Os dados fornecidos por Avelino Mussende dão conta que 634 205 toneladas de feijão foram destinadas ao consumo humano em 2019/2020, ao mesmo tempo que 46 580 para sementes e 59 691 para outros usos, registando-se perdas avaliadas em 13 111 toneladas.
O défice é agravado por haver produtores nacionais a exportarem feijão para a República Democrática do Congo, segundo o técnico do Ministério da Agricultura e Pescas que considerou “normal” a venda a comerciantes do país vizinho, que representam uma parte significativa da procura, assim como a necessidade de os agricultores venderem a preços compatíveis com os custos de produção.
Avelino Mussende reconhece, entretanto, que o ideal é sempre dar prioridade à procura interna, mas os agricultores são contactados nos seus locais de produção pelos clientes vindos do Congo, vendo-se diante da oportunidade de comercializar a mercadoria sem os transtornos decorrentes das debilidades ainda existentes na cadeia de valor, no país.
“Trata-se de um procedimento normal, se tivermos em conta que até os países com os maiores índices de produção mundial, também são os maiores importadores: estamos perante um indicador de que o feijão é das culturas mais rentáveis e devemos aproveitar as potencialidades do país para, não só abastecer o nosso mercado, mas, também, tirar rendimentos com a exportação”, disse.
Reversão do défice
O responsável lembrou que a reversão do défice da produção de feijão passa pela implementação do Plano Integrado de Aceleração da Agricultura e Pescas Familiar (PIAAPF).
Esse plano, adoptado do quadro do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (Prodesi), tem como escopo a promoção da cultura de feijão em todo o país, de forma a atingir uma colheita de 779,9 mil toneladas no período 2021/2022.
Para a implementação desse programa, é necessária a proximidade das instituições de microcrédito e a confiança dos bancos na agricultura familiar, afirmou Avelino Mussende, apontando a melhoria do acesso das cooperativas e produtores familiares aos serviços de mecanização, redução dos preços dos insumos agrícolas e disponibilidade de tecnologias entre as acções prementes no curto prazo.
O cultivo do feijão é dominado pelo sector da Agricultura Familiar, que emprega 2 936 198 famílias, numa área total de 5 325 952 hectares por ano, ao passo que o sector empresarial congrega um total de 8 826 pequenas, médias e grandes explorações e uma área total de 493 990 hectares por ano.
Segundo a fonte, “o cultivo do feijão é dos mais rentáveis, porque é um produto que faz parte dos hábitos alimentares em quase todo o território nacional. A sua produção está concentrada nas províncias do Bié, Huambo, Malanje, Uíge, Cuanza-Sul, Huíla e Benguela, mas todas as províncias têm potencialidades”.
É produzido durante três épocas ao ano, mas também pode-se apostar no cultivo por estufa, que permite termos colheitas em qualquer época, frisou o responsável.
Fonte:JA