A petrolífera italiana ENI vai investir até 150 milhões de dólares, nos próximos cinco anos, num projecto para a produção de biocombustíveis em Angola.
O anúncio foi feito, ontem, em Luanda, pelo presidente da companhia, Claudio Descalzi, depois de ser recebido, em audiência, pelo Chefe de Estado, João Lourenço. A audiência serviu para informar o Presidente da República sobre o referido projecto, que vai absorver mais de 150 hectares de terra em várias partes do país.
O presidente da ENI esclareceu que a terra a ser utilizada não deve estar em conflito com as necessidades agrícolas alimentares do país. A planta a ser utilizada para a produção de biocombustível é a ma-mona. Trata-se de uma planta que pode ser cultivada em áreas desérticas, segundo experiências obtidas na Europa e no Norte de África.
Ontem mesmo, foi assinado um Memorando de Entendimento para o efeito, que envolve a Agência Nacional de Petróleo e Gás e a Sonangol. Segundo Claudio Descalzi, o próximo passo é seleccionar os locais certos e as diferentes áreas, começar o investimento, com a criação das áreas de plantação, que poderão chegar até 35 pólos agrícolas, de onde serão colhidos os cereais para a produção de biocombustíveis.
Inicialmente, o biocombustível a ser produzido servirá para alimentar as bio- refinarias da ENI em Itália, estando prevista, no futuro, a construção de biorefinaria em Angola, com capacidade de processar entre 200 a 300 mil toneladas por ano, dependendo da quantidade de matéria-prima.
Os biocombustíveis são fontes de energia consideradas alternativas, por serem de carácter renovável e apresentarem baixos índices de emissão de poluentes para a atmosfera. Em geral, essas fontes de energia costumam ser produzidas a partir de produtos agrícolas ou vegetais, como a cana-de-açúcar, o milho, a mamona, entre outras matérias-primas.
Os principais tipos de biocombustíveis actualmente utilizados são o etanol e o biodiesel. Costumam ser utilizados tanto para a locomoção de veículos, quanto para a geração de energia.
Transição energética é irreversível
O ministro dos Recursos Naturais, Petróleos e Gás, Diamantino Azevedo, disse, ontem, em Luanda, que a transição energética em Angola é uma tendência irreversível.
Diamantino Azevedo, que falava no termo da assinatura de um memorando de entendimento entre Agência Nacional de Petróleo e Gás, a petrolífera italiana ENI e a Sonangol, no domínio do aproveitamento de energias renováveis, disse que a transição energética em Angola é uma tendência irreversível e conta com o apoio do Presidente da República.
Assegurou que tal desafio exige um maior cuidado, reflexão e análise sobre o impacto que as energias renováveis trazem para o meio ambiente e para a sociedade. O ministro alertou para a necessidade de se compreender que nem sempre é possível garantir a todos o acesso a energias vindas somente de fontes renováveis.
Os objectivos e metas para a produção de biocombustiveis em Angola, disse, estão alinhados aos compromissos assumidos pelo país internacionalmente, no âmbito dos Acordos de Quito. Considerou que, com a assinatura do memorando, os sectores de petróleo e gás dão um importante passo, rumo à descarbonização e transição energética em Angola.
Diamantino Azevedo disse acreditar que a Agência Nacional de Petróleo e Gás, a Sonangol e a Eni, ao unirem esforços, vão identificar e levar acabo iniciativas conjuntas com o objectivo de apoiar Angola a se tornar líder entre os países da África Ocidental no processo de descarbonização.
Isso, acrescentou, também vai permitir a transição energética, através da produção de biocombustíveis sustentáveis derivados de matéria-prima que não concorre com a produção agrícola no mercado de alimentos para o consumo humano e animal.
André Sibi
Fonte:JA