Preços inibem adesão à compra de livros

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O alto preço do material escolar, principalmente de livros, é um dos factores apontado por pais e encarregados de educação para a fraca adesão desses na sua aquisição no mercado paralelo e em livrarias de Luanda.

Numa ronda pelos mercados do São Paulo e Asa Branca, o Jornal de Angola, constatou que há uma grande preocupação dos pais por causa do preço que está a ser aplicado na venda de livros e de outro material de apoio ao ensino e aprendizado.Por causa disso, os vendedores estão a registar uma fraca adesão de compradores. É o que conta Fernando de Leo, vendedor do Mercado Asa Branca, no Cazenga. Ele confessa que a procura ao negócio diminuiu por os encarregados perderem o poder de compra.

Fernando de Leo disse que os preços dos livros, cadernos, lápis, lapiseiras, entre outros elementos necessários para a educação dos alunos, aumentou, nos últimos dois anos, agravaram-se mais com a pandemia da Covid-19.Os materiais escolares, explicou, são adquiridos pelos representantes das editoras mais conhecidas do mercado, com destaque para a Plural, Escolar, Letra e Texto, sendo que as produções da primeira são as mais caras.

Explicou que os preços a bruto dos livros de Língua Portuguesa da 7ª e 8ª classes estão no valor de 9.200 kwanzas, com descontos que vão dos 35 a 25 por cento, em função do cliente. Depois dessa compra, Fernando de Leo disse que os manuais são vendidos, por unidade, de 3.200 a 3.330 kwanzas. Em cada livro, o vendedor tem um lucro de 200 kwanzas.

Tendo em conta que, para um único aluno, são exigidos até 12 livros, o vendedor disse que o encarregado de educação gasta mais ou menos 35 mil kwanzas. “Vê que quem tiver dois ou mais filhos a estudar fica com a vida totalmente complicada”, realçou Fernando de Leo.A vendedora Ana Inglês, do Asa Branca, reconheceu que a questão não está na escassez de material escolar no mercado, mas na dificuldade que os encarregados têm para adquirí-los.

Ana Inglês vende de tudo um pouco. Na sua bancada, uma caixa de cadernos mais volumosos, com capa lisa preta, é vendida a 16 mil kwanzas. Esse conjunto tem oito embalagens, cada com pacotes de cinco a seis cadernos, que são comercializados no preço de 2.500 kwanzas.

Para os cadernos grandes de desenhos animados, a caixa é comprada a 12 mil kwanzas. Trazem quatro embalagens e vendidas cada a quatro mil kwanzas. Já o caderno pequeno da mesma linha, a caixa ronda os 15 mil kwanzas, sendo que as dez embalagens ficam a cada 1.700 kwanzas.

A caixa de lápis, com 12 unidades, ela compra a 300 kwanzas e revende a 400. Por cada caixa, a comerciante tem um lucro de 100 kwanzas. No caso da lapiseira, uma embalagem, com dez lapiseiras, custa 500 kwanzas, sendo a marca “Bravo” a que lidera o mercado, numa altura em que a “Especial” está com escassez.

“Nos últimos anos, vendia, por dia, 40 mil kwanzas. Hoje, com a pouca adesão, estamos a conseguir de oito a dez mil”, lamentou Manuel Vicente, outro comerciante de material escolar.
Encarregados de educação

Jacinto Manuel é funcionário público e, no Mercado do São Paulo, procurava encontrar os livros para o filho. Com sete descendentes directos, o encarregado de educação disse não ter condições para custear todos os livros que precisa para os meninos.A senhora considera que os preços estão muito altos, quer no mercado formal quer no informal, por causa do valor adquirido a partir das editoras, segundo a explicação que recebeu dos vendedores.Ivone Rosa é mãe de filhos que frequentam um colégio privado. Por recomendação dessa instituição, ela é obrigada a adquirir o kit do material escolar da Plural Editora. Anualmente, para os meninos que estão na 5ª e 1ª classes, Ivone gasta mais de 150 mil kwanzas. Como exemplo, referiu que um kit da 5ª classe da referida editora está orçado em 33.900 kwanzas e o da 1ª classe sai a 19.900.

Além desses gastos com livros, a senhora ainda tem gastos por fazer com cadernos, lápis, esferográficas, mochila, compassos, réguas, entre outros material escolar.
 Sector Industrial
A falta de uma indústria para a produção de material escolar é um dos motivos que faz com que o preço  aumente no mercado, defendeu o vendedor do mercado da Asa Branca, Manuel Vicente.  

Segundo  Manuel Vicente o país ao depender ainda da importação ,e que, o Governo deve pensar industrializar esse sector no país, de formas a facilitar a vida dos encarregados de educação.”Enquanto não tivermos capacidade de produção e matéria prima  no mercado, a tendência  do preço  do material escolar é aumentar cada vez mais”, lamentou Manuel Vicente.

O vendedor aconselhou as entidades responsáveis do sector, a velarem pela melhoria da condição dos cidadãos, pensarem em estratégias para aqueles encarregados de educação que não  dispõe de poder de compra.

Fonte:JA

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