Contributo de Óscar Ribas à cultura lembrado em jornadas comemorativas

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Os feitos e o contributo do etnólogo e ensaísta Óscar Ribas para a valorização da tradição oral angolana são recordados a partir de amanhã, às 15h00, na Casa Museu do escritor, no bairro do Cruzeiro, em Luanda, com a abertura da mostra fotográfica, documental e audiovisual “A caixa preta de Óscar Ribas”.

Para tal, um conjunto de actividades culturais e científicas estão programadas, até ao próximo dia 28, entre a Casa Museu Óscar Ribas, Biblioteca Nacional e a Mediateca de Luanda. A primeira actividade é a inauguração, às 16h00, da exposição, na galeria Missosso, na Casa Museu Óscar Ribas, onde fica patente até 17 de Novembro.
Na quinta-feira está programada, das 9h00 às 17h00, a abertura da Feira do Livro, Arte e Performance, patente ao público até o dia 26, na Casa Museu.

No mesmo dia e local, está ainda reservado, às 10h00, a venda e sessão de autógrafo do livro “Os nomes Gentílicos de Angola”, da autoria do professor António Januário.
No dia seguinte, as jornadas comemorativas de mais um aniversário natalício de Óscar Ribas têm como destaque a abertura, das 9h00 às 17h00, do projecto “Biblioteca ao Ar Livre” (BAAL), numa edição especial, e a venda e sessão de autógrafo do livro “Desamores de Luanda”, do docente Hélder Caculo.

No sábado, último dia de actividade, a organização realiza, das 9h00 às 12h00, o programa radiofónico “Menha Ndungo” e depois faz uma deposição de flores no túmulo do escritor Óscar Ribas, no cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda.

A primeira edição da jornada “Expo-Ribas” é o resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, a Casa Museu, Universidade Óscar Ribas, Biblioteca Nacional, Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INICC) e a Mediateca de Luanda, com o intuito de celebrar mais um aniversário do escritor (112 anos caso estivesse vivo) e divulgar os feitos às próximas gerações.


Documentos inéditos

O director da Casa Museu Óscar Ribas, Sidónio Massoxi, disse, ontem, ao Jornal de Angola que após a inauguração e a visita guiada à exposição, os visitantes vão poder ter acesso, pela primeira vez, ao espólio de Óscar Ribas nunca antes vistos, como fotografias, documentos e áudios inéditos.
Para Sidónio Massoxi, as jornadas vão permitir, doravante, dar uma outra dinâmica ao espaço, de maneira a criar novos factos culturais na divulgação da vida e obra do. “Dentro do programa do        escritor. Gestão vamos, também, procurar dar visibilidade e dinamizar a instituição”.

Óscar Ribas, continuou, deixou um legado que deve servir de exemplo para muitos angolanos como a Casa Museu e a Escola de Ensino Especial. “Isso mostra a preocupação do escritor pela preservação e recuperação dos valores morais e culturais”, destacou. 

O homenageado

Escritor, jornalista e ensaísta angolano, Óscar Ribas nasceu no dia 17 de Agosto de 1909, na cidade de Luanda e faleceu a 19 de Junho de 2004, em Cascais. Considerado como um dos “fundadores” da ficção literária em Angola, o etnólogo deixou um valioso legado literário, tendo recuperado muitos temas da tradição oral, religião tradicional e filosofia dos povos de Luanda.

O seu primeiro livro, “Nuvens que Passam”, foi publicado em 1927. Dois anos depois publicou “Resgate de uma Falta”. Após 20 anos sem editar, Óscar Ribas surpreendeu os leitores com o livro “Flores e Espinhos”, em 1948, o que juntamente com dois novos títulos publicados em 1950, “Uanga”, e “Ecos da Minha Terra” (1952), constituem, de acordo com estudiosos das literaturas africanas, a segunda fase de publicações do autor.

Na década de 1960, Óscar Ribas publicou os livros “Missosso” (três volumes – 1961, 1962 e 1964), “Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba – Associativismo e Recreio” (1965), “Sunguilando – Contos Tradicionais Angolanos (1967), “Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973) e “Tudo Isto Aconteceu – Romance Autobiográfico” (1975).
Após uma pausa de quase duas décadas, Óscar Ribas voltou aos livros com “Cultuando as Musas”, ao que se seguiu o “Dicionário de Regionalismos Angolanos”.

Prestigiado nos meios literários nacional e internacional, membro da União de Escritores Angolanos, Óscar Ribas foi galardoado com diversos prémios, com destaque para os Margaret Wrong (1952), o de Etnografia do Instituto de Angola (1959) e Monsenhor Alves da Cunha (1964).

Além disso, foi homenageado com os títulos de Membro Titular da Sociedade Brasileira de Folclore (1954), Oficial da Ordem do Infante, título concedido pelo Governo português (1962) e um Diploma de Mérito atribuído pela Secretaria de Estado da Cultura (1989).
Óscar Ribas foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2000, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Sociais e Humanas, pelo Ministério da Cultura.

Fonte:JA

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