Comercialização de peças de arte em baixa no Uíge

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A produção e comercialização de artes plásticas no Uíge estão a ser afectadas pelas restrições impostas na circulação de pessoas, para o combate à Covid-19.

Diferentes criadores disseram ao Jornal de Angola que tais medidas causaram uma redução acentuada de turistas e baixou, em grande medida, a rentabilização do negócio de muitos artesões.

Massamba Lemo Masosa, um dos artistas locais, que produz e comercializa peças defronte ao Grande Hotel do Uíge, considera a restrição na circulação de pessoas, devido à pandemia, um prejuízo sem igual, por ter reduzido a vinda à província de turistas nacionais e estrangeiros, os principais clientes destas peças.

Alguns dos quadros do artista, revelou, eram vendidos nos mercados de Luanda, às vezes por encomendas, mas agora a fluidez nas vendas de produtos artesanais ficou condicionado face ao actual contexto.

O pintor e escultor disse que é dos ganhos da profissão que retira verbas para sustentar a família. Apesar das dificuldades o artista disse que não vai desistir das artes. “Sou artista de formação e já tenho muita experiência de anos, algumas das quais a serem transmitidas aos mais novos, mas por falta de meios não consigo realizar acções formativas”, lamentou.

Massamba Lemo Masosa garantiu que as suas criações de arte já granjearam admiração dos apreciadores e coleccionadores a nível do país. “Faço todo o tipo de arte, desde a escultura, pintura e  cerâmica, fruto das várias formações que frequentei durante a minha permanência na República Democrática do Congo”, referiu.

André Ntela, outro artista local, disse que, actualmente, a venda de obras de arte na província regista uma acentuada baixa, tendo avançado que os maiores clientes de momento são jovens, que na sua maioria não têm possibilidades financeiras, mas “adquirem as obras devido à paixão que têm pelas artes”.

O preço de um quadro de pintura está fixado acima dos 10 mil, independentemente da sua qualidade e significado, pois como defendeu “a arte custa caro, mas vendemos a um  preço acessível devido aos jovens e a camada baixa que são os que mais compram. Já realizei muitas exposições na província do Uíge e já produzi quadros de arte para pessoas de vários estratos da sociedade angolana. Pretendo trabalhar com os jovens, mas só será possível caso existirem apoios”.

Profissional dedicado às artes há 15 anos, o artista  Pedro Talakiako assegurou que antes da pandemia da Covid-19, vendia entre cinco e seis peças, entre quadros de pinturas, cestos de colheita de café  “muyendu” e mochilas tradicional feito de jungo de moringa, tendo nessa fase da pandemia a venda baixado para apenas uma peça.

Sobre os preços praticados, Pedro Talakiako esclareceu que no passado rondava entre cinco e 25 mil kwanzas por peça, dependendo do tamanho, qualidade e tipo de obra. Disse que com a redução de clientes registada, nesta fase da pandemia, os preços variam entre 1.000 e 19.000  Kwanzas, em função do tamanho e tipo de peça.

Em nome dos criadores locais, o artista plástico lançou um apelo ao Governo da Província e aos empresários no sentido de apoiarem os criadores do Uíge, na realização de feiras e exposição-venda dos seus trabalhos, por forma a garantir o rendimento dos artistas. “Uma das grandes dificuldades é a falta de financiamentos direccionados aos homens das artes na província, uma vez que os incentivos facilitariam a compra de meios de transporte, a exemplo de motorizadas de três rodas ou similares, para o escoamento da matéria-prima para confecção dos artefactos”, disse.

Joaquim Júnior e Valter Gomes | Uíge

Fonte:JA

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