O Presidente João Lourenço teve, ontem, um encontro, em privado, com o homólogo da República Centro-Africana (RCA), Faustin-Archange Touadéra, que efectuou uma visita de trabalho de algumas horas a Luanda.
No final do encontro, de cerca de uma hora, não foram prestadas declarações à im-prensa, mas acredita-se que a situação de segurança na RCA tenha sido o principal assunto abordado.
Na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), o Chefe de Estado angolano tem recebido, regularmente, do homólogo centro-africano, informações sobre o evoluir do processo de pacificação naquele país.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, foi a Bangui, capital da RCA, como enviado especial do Presidente João Lourenço, tendo sido recebido por Faustin-Archange Touadéra.
Depois de Bangui, Téte António deslocou-se a Brazzaville, República do Congo, onde fez a entrega de uma mensagem do Presidente João Lourenço ao homólogo Dennis Sassou Nguesso, presidente em exercício e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).
As cimeiras da CIRGL realizadas em Luanda, a 29 de Janeiro e 20 de Abril deste ano conferiram mandatos aos presidentes em exercício da CIRGL e da CEEAC, respectivamente, João Lourenço e Denis Sassou Nguesso, para efectuarem diligências junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no sentido do levantamento do embargo de armas à RCA.
Foi nesta qualidade que o estadista angolano participou, a 23 de Junho, em Nova Iorque (EUA), na reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a RCA.
No discurso que proferiu na referida sessão, João Lourenço voltou a defender o levantamento do embargo de armas imposto pelo CS da ONU à RCA, “que impossibilita o Governo centro-africano de adquirir armas”.
Considerou que a medida já não é apropriada à actual conjuntura e nega o “direito inalienável” de todos os Estados a “criar capacidade própria de se defender de ameaças internas e externas”.
O Presidente pediu, ainda, ao Conselho de Segurança que passe a olhar o dossier do embargo de armas, decretado em 2013, “com outros olhos e com mais justiça”. Para João Lourenço, a comunidade internacional e as Nações Unidas passam “uma mensagem errada” ao “impedir a construção de verdadeiras forças armadas, à altura dos desafios do país e da conturbada região”.
Segundo o Chefe de Estado, a “situação de segurança na região dos Grandes Lagos, particularmente na República Centro-Africana, é caracterizada pela presença activa de grupos armados”, que se comprometeram com o acordo político de 6 de Fevereiro de 2019 para cessação das hostilidades.
João Lourenço disse ser importante “que as autoridades centro-africanas trabalhem no sentido de neutralizar as forças internas que apostam em deteriorar as boas relações com as Nações Unidas e com influentes membros do Conselho de Segurança”.
Fonte:JA