Academia de Letras homenageia Arlindo Barbeitos

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A vida e obra do escritor e sociólogo Arlindo Barbeitos foram recordados ao longo do mês passado, pela Academia Angolana de Letras (AAL), através de um ciclo de conferências para homenagear o autor, informou, ontem, a associação, em comunicado de imprensa.

As conferências, explicou a AAL, decorreram no âmbito das “Conversas da Academia à Quinta-feira”, com a contribuição de renomados académicos de Angola, Brasil e Portugal. Todas elas foram realizadas por vídeo-conferência, com abertura a todos os interessados, tendo-se registado a participação de pessoas de Angola, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Moçambique e Portugal.

O ciclo de conferências, em homenagem a Arlindo Barbeitos, iniciou a 3 de Junho, com a intervenção dos sociólogos José Carlos Venâncio e Víctor Kajibanga, que apresentaram duas leituras a respeito da contribuição de Arlindo Barbeitos para as ciências sociais. Fizeram ambos alusão aos trabalhos científicos do homenageado, a respeito da promoção das línguas nacionais, das identidades, da estratificação social e da sociedade civil, destacando o seu grande contributo para a edificação das ciências sociais em Angola.

Uma semana depois, coube ao linguista Abreu Paxe dissertar a respeito da contribuição de Arlindo Barbeitos à literatura angolana. O conferencista fez referência à obra do homenageado, que obteve referências e louvores em várias partes do mundo.

As duas conferências seguintes trouxeram a debate a visão brasileira e portuguesa da obra poética de Arlindo Barbeitos. O olhar brasileiro sobre a poesia do homenageado foi apresentado pela especialista em literatura africana, Rita Chaves, professora na Universidade de São Paulo, Brasil, que realçou a perspectiva desmistificadora do imaginário cultural angolano, enriquecido pela diversidade das suas populações, nos livros do autor.

Por sua vez, o olhar português sobre a poesia de Arlindo Barbeitos foi apresentado pela especialista em literaturas africanas, Ana Maria Martinho, professora na Universidade Nova de Lisboa. A investigadora mencionou a conjugação do renascentista e vanguardista que permitem ao leitor europeu  interpenetrar no espaço comum de lugares e nas idiossincracias do homem angolano.

As conferências foram moderadas pelo secretário-geral da AAL, António Quino, e o presidente da Academia, Paulo de Carvalho, assumiu o compromisso de tentar reunir recursos para publicação da obra de Arlindo Barbeitos, incluindo textos inéditos.

O autor

Originário de Catete, Arlindo do Carmo Pires Barbeitos estudou Antropologia e Sociologia, na Alemanha e Portugal. A sua tese de doutoramento em Sociologia teve o tema “Portugal e Angola: Representações de si e de outrem ou o jogo equívoco das identidades”.

Ao longo da carreira foi professor auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais, da Universidade Agostinho Neto, onde ministrou aulas de antropologia e sociologia, em cursos de graduação, mestrado e doutoramento, assim como investigador no Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola.

Poeta e contista, membro fundador da União dos Escritores Angolanos e da Academia Angolana de Letras, Arlindo Barbeitos publicou, entre outros, “Angola Angolê Angolema”, “Nzoji”, “O rio. Estórias de regresso”, “Fiapos de sonho” e “Na leveza do luar crescente”.

Além disso, é também autor de vários livros de Sociologia. Nacionalista, com acção diplomática na Europa e com participação na luta de libertação, integrou as bases do Movimento Popular de Libertação de Angola, o que lhe valeu a outorga da patente de Coronel das Forças Armadas Angolanas. Foi casado com a poetisa e historiadora Maria Alexandre Dáskalos (1957-2021).

Fonte:JA

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