A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou, ontem, o mandato da Missão da Força em Estado de Alerta da organização para apoiar Moçambique no combate ao terrorismo e actos de extremismo violento em Cabo Delgado.
A decisão consta do comunicado final da Cimeira Extra-ordinária da SADC, decorrida, ontem, em Maputo, sob orientação do Chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, que detém a presidência rotativa da organização.
Os Chefes de Estado da SADC endossaram as recomendações do relatório do presidente do Órgão de Cooperação da organização nas áreas de Política, Defesa e Segurança e exortaram os países-membros a continuar a colaborar com as agências humanitárias para prestar ajuda à população afectada pelos ataques terroristas em Cabo Delgado, incluindo as pessoas deslocadas internamente.
A Cimeira apelou ao fim do nacionalismo da vacina contra a Covid-19 e à igualdade de acesso às mesmas por parte de todos os países. Aos cidadãos da SADC apelou-os a continuarem a cumprir e a aderir às medidas preventivas contra a pandemia.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projecto de Registo de Conflitos (ACLED) e 732.000 deslocados, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Ao discursar na abertura da cimeira extraordinária, na qual a questão do terrorismo em Cabo Delgado (Moçambique) foi um dos assuntos em discussão, o presidente em exercício da SADC, Filipe Nyusi, defendeu que a organização deve ser um interveniente activo e principal na luta contra o terrorismo na região.
O também Chefe de Es-tado moçambicano garantiu que não vai descansar enquanto não alcançar a vitória final, traduzida “na paz e o progresso em cada canto da nossa região”.
Filipe Nyusi confirmou que as expectativas da Cimeira centraram-se na análise da resposta de apoio regional da SADC na luta contra o terrorismo que assola alguns distritos da província de Cabo Delgado. Com efeito e numa forma de lançamento das discussões sobre o assunto, sugeriu que a análise dos Chefes de Estado deve ter em conta algumas células terroristas espalhadas pela região.
Para o líder da SADC, garantir o sucesso no combate ao terrorismo é salvaguardar os valores culturais e socioeconómicos da região, bem como defender as soberanias dos Estados-membros.
A abordagem de Nyusi partiu do pressuposto de que o terrorismo é uma ameaça global que, se os Chefes de Estado da SADC quiserem derrotá-lo, obriga-os a aprofundar o conhecimento do fenómeno, na perspectiva de erradica-lo da região.
O Chefe de Estado angolano foi representado na Cimeira Extraordinária da SADC pelo ministro do Interior, Eugénio Laborinho. Marcaram presença em Ma-puto, os Chefes de Estado da RDC, Félix Tshisekedi, que é igualmente o presidente em exercício da União Africana, do Botswana, Mokgweetsi Masisi, Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, Malawi, Lazarus Chakwera, e da Tanzânia, Samia Suluhu, que participou, pela primeira vez, numa Cimeira da SADC, depois da morte do antecessor, John Magufuli, em Março. Samia entra para a história como a primeira mulher a dirigir um país da SADC.
Os Chefes de Estado de outros países que integram a SADC foram representados pelos respectivos primeiros-ministros, ministros dos Negócios Estrangeiros ou representantes em Moçambique. As Seicheles estiveram ausentes.
Além de Angola, África do Sul, Botswana, Malawi, Moçambique, Tanzânia, RDC, Seicheles e Zimbabwe, integram a SADC as Comores, Lesotho, eSwatini (ex-Swazilandia), Madagascar, Maurícias, Namibia e Zâmbia.
Fonte:JA