“Luanda Cartoon” é considerada a maior festa da banda desenhada

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O cartoonista e director do Festival Internacional de Banda Desenhada e Animação, Lindomar de Sousa, afirmou ontem, na capital, que o “Luanda Cartoon” é a maior festa deste género artístico existente no país.

A qualidade satisfatória dos desenhos exibidos no festival, anualmente, é o que justifica a afirmação do cartoonista, embora exista pouca produção de livros e revistas, devido ao encarecimento da indústria gráfica nacional.
Este ano, disse, o festival “Luanda Cartoon” acontece a 10 de Setembro, no Camões – Centro Cultural Português. “Existem muitos talentos, bons autores, algo visível no Festival ‘Luanda Cartoon’, que existe há 18 anos, sob produção consecutiva do estúdio Olindomar.”

A edição de 2019, numa parceria entre o estúdio Olindomar e a Unitel, trouxe a Luanda convidados de Portugal (António Antunes), Brasil (Marcello Quintanilha), Moçambique (Leilo Albano) e da República Democrática do Congo (Jéremie).
O festival já é uma das marcas artísticas da cidade de Luanda, realizada tradicionalmente no mês de Agosto. Em 2020, não houve a “festa” por causa da pandemia, po-rém, este ano vai acontecer um mês depois do que tem sido tradicional.
Sem fugir à regra do que se vive com o flagelo da pandemia, a decisão de cancelar a edição passada, explicou, serviu para “primarmos pela saúde e bem-estar de todos”.

Marcado para Setembro, continuou, o festival pode sofrer alteração, caso aconteça algo de relevo em relação à pandemia. “Tudo vai depender do comportamento das pessoas, mas as medidas de biossegurança vão ser asseguradas”, rematou.
Com o intuito de prestigiar o festival, a organização pretende convidar cartoonistas estrangeiros, cuja carreira tenha atingido níveis internacionais, quer para interagir com angolanos, quer para mostrarem as criações.
Este ano, as novidades recaem para três mulheres cartoonistas da Europa, sobre as quais prefere ainda não avançar os nomes nem as nacionalidades, mas com as quais a direcção do festival já está a conversar.

Além de artistas estrangeiros, o “Luanda Cartoon” põe em contacto artistas angolanos emergentes com os que têm nome no mercado nacional. “Temos tido a preocupação de convidar, também, um autor consagrado nacional, em cada uma das edições do festival, entre Abraão Eba, Lito Silva, Tché Gourgel, Prado, Carnot Júnior e Carlos Alves, para motivarem os mais jovens a prosseguirem com a banda desenhada, bem como primar pela unidade da classe”, realçou.

O facto de o país ter menos de 50 anos de independência, adiantou, torna “todos pioneiros da banda desenhada e estamos a abrir caminho para muitos outros”. Com vasta experiência em organização de festivais, ao frequentar várias mostras na Europa e outros continentes, Lindomar de Sousa e seu irmão Olímpio já foram convidados a participar nos festivais de Beja e Amadora, em Portugal, Angoulême, França, e outros na Europa. “Fazendo uma avaliação do que vimos no exterior com o que nós produzimos, os trabalhos dos angolanos têm muita qualidade”, disse.

  Revista “Barata” destinada a artistas emergentes

De cariz infanto-juvenil, a revista “Barata” é essencialmente destinada  a artistas emergentes de banda desenhada, informou, ontem, em Luanda, o cartoonista Lindomar de Sousa.
A revista, explicou, é um caminho pelo qual os mais novos dão a conhecer que existem e estão a trilhar os primeiros passos desta arte. A publicação é aberta a todos os amantes da banda desenhada, desde que remetam os trabalhos para análise ao colégio de editores do estúdio Olindomar.

Lindomar de Sousa considerou ser de grande responsabilidade passar ao público o pensamento dos artistas, “por isso somos obrigados a seleccionar desenhos e textos antes de divulgarmos”. Em causa, defende, está o conteúdo da mensagem a ser transmitida, pelo facto de a banda desenhada ter muita força psicológica, “daí a razão da análise rigorosa dos trabalhos”.

Alguns desenhadores, contou, esperam durante largos meses ou anos, em função do nível da qualidade dos trabalhos apresentados. Produzida no estúdio Olindomar, há cerca de 5 anos, a revista consta da média anual, do país, que não ultrapassa os três exemplares do género por ano. “Fazer um livro aqui é muito caro. Estamos num país cuja média de revista ou livro de ban-da desenhada é de 3 por ano”, realçou ao justificar a ausência de dois anos em que a revista esteve sem publicação.

O mais recente lançamento, destacou, ocorreu no dia 28 do mês passado e serviu como demonstração de que as pessoas gostam de banda desenhada. Comparando com as “revistas cor-de-rosa”, que, embora sejam sustentadas por publicidade de empresas ou empresários, a maioria acabou por falir, Lindomar de Sousa referiu que a “Barata” tem conseguido sobreviver graças a uma estratégia bem definida de contornar esses constrangimentos de natureza financeira.

“As pessoas gostam de ler banda desenhada, embora existam muitas dificuldades aqui no país para lançar livros do género. Por isso, decidimos fazer uma revista barata, em termos de custos, que fosse, também, tão pouco onerosa para os leitores”, acrescentou. “É barata em termos económicos, mas com qualidade gráfica e de conteúdo, sem ser elitista, tem 44 páginas e resulta de parcerias com algumas gráficas”.

Fonte:JA

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